Gildo Gonçalves de Souza é uma das pessoas mais queridas do Recife. De domingo a domingo, com direito a “folga surpresa”, o ex-vigilante de 50 anos sai de bicicleta do bairro dos Torrões, onde reside, por volta das 17h e vai até a Praça do Derby para vender lanches e alegrar a clientela de todas as idades e classes sociais até as 5h. Há quase 11 anos no ramo, Gildo Lanches já é marca consolidada nas localidades percorridas. Seu carisma também ajuda a conquistar cada vez mais o público, ainda mais pelo preço popular dos produtos.
Faça chuva ou faça sol, ele sempre está presente com o seu atendimento rápido, criativo e dinâmico, vendendo para um público bem diversificado: estudantes, empresários, taxistas, policiais. Pessoas de todas as classes, de A a Z, frequentam seu estabelecimento móvel para fazer "aquela boquinha" durante a noite e a madrugada.
A trajetória de Gildo mostra o quanto ele é competente no seu empreendimento de bike negócios. Começou vendendo sozinho, foi crescendo com o passar do tempo e hoje já tem mais de cinco funcionários, dos quais Sargento Garcia, Zinho e Dodô são os mais conhecidos. É preciso ter muita disposição para carregar o peso dos lanches pedalando e aguentar cerca de 11 horas diárias de trabalho, considerado como informal.
A linguagem do vendedor é uma das formas de atrair o público. Com gírias e códigos, ele coloca o marketing em ação, mas talvez nem sinta o quanto consegue fidelizar o cliente. Entre as frases clássicas estão “Um comido e um bebido”, referindo-se à quantia de R$ 5, “A jarra”; o famoso copo de 500ml; “O fecha”, associando ao preço da Natinha, que custa R$ 2; “Camisa de Pelé e Dia das Crianças”, quando o valor da conta é de R$ 10 e R$ 12; “estiramento de braço e abertura de mão”, momento em que enche o copo ou entrega o lanche para a pessoa. Ele também usa o diálogo de rádio comunicador: "QAP, QSL, QSJ".
O seu traje chama a atenção. Sempre vestido com uma jaqueta de manga longa do exército, Gildo adota esse estilo para facilitar a separar o dinheiro de acordo com o seu valor. Por outro lado, serve como uma identificação. Os funcionários geralmente trabalham com uma camisa com a marca do negócio.
Outra maneira de fazer com que os clientes não o esqueçam é repassando o número do seu celular. “Anota aí, 988281192”, diz Gildo Lanches. A tática utilizada por ele ajuda a achá-lo pela Zona Norte do Recife. Sua rota atual conta com quatro paradas. Começa o percurso no bairro dos Torrões, encosta no supermercado Extra da Rua Benfica, às vezes vai para o Batalhão de Choque e de lá segue para a Praça do Derby, praticamente em frente ao bar Drive-In, onde chega perto das 21h e só sai quando encerra o expediente, que dura em algumas ocasiões até as 5h.
Entre doces, salgados e até janta, a variedade de lanches é um dos pontos fortes do empreendimento. Com diz Gildo, o carro-chefe é o egg cheddar, produto mais vendido. A natinha também faz sucesso, mas a grande novidade é o kalzone. São cerca de 25 produtos, como coxinha, empada, panqueca, folhado, pão pizza, pastel, arma de bambam, enroladinho, sanduíche natural, pão de queijo, frango e calabresa, cuscuz, macaxeira, arrumadinho, escondidinho, bolo, brigadeiro, canjica, lolita etc.
Casado e pai de quatro filhos, três homens e uma mulher, Gildo é orgulhoso por ter conseguido, com muito esforço e trabalho, pagar a escola particular da sua filha. Além disso, ajeitou a sua casa e hoje sobrevive graças à luta diária. É um exemplo de cidadão e guerreiro.
Foto: Divulgação/Gildo Lanches
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